terça-feira, 29 de julho de 2014

Exposição de Paul Kohl - Escritas na Água (Imagens do quotidiano da Índia e do Japão)


Escritas na Água apresenta as fotografias de Paul Kohl reunidas nos livros Wandering in Fertile Fields, sobre paisagem indiana contemporânea, e Two Fish, Out of Water, resultante do trabalho realizado no Japão.

Da Índia traz-nos a rasa, filosofia indiana cujo termo designa a verdadeira essência da obra de arte e também o estado mental de toda e qualquer criação artística. Uma essência que apenas ganha corpo ao ser partilhada tanto pelo criador como pelo espectador (rasika), na transferêcia de sentidos, sentimentos, emoções.  Nestas fotografias, Paul Kohl aplica a rasa convidando o rasika a contactar com a verdade das imagens. Recusando o exotismo das cores, prefere mostrar, da Índia, a sua esmagadora complexidade, a sensualidade mas também o seu absurdo, a tristeza, a violência, o heroísmo, os temores, a indignação, o assombro e a tranquilidade. Paul Kohl encontra um sentido para a experiência indiana e devolve-o ao espectador, questionando-o: consegue ver o que eu tento  dizer?  

Do Japão traz-nos o silêncio. O preto, o branco e os tons de cinzento, para criar um ambiente de serenidade e regressar à respiração pura, usando as fotos como marcadores de meditação. O lote destas fotografias que respiram serenidade causam um impacto profundo na medida em que transmitem uma estranha ilusão de paragem no tempo. E como é isto possível? As cidades japonesas são locais ruidosos onde escasseiam os recantos de descontração - pequenos charcos de tranquilidade zen no meio de ntre um turbilhão de ruídos. Paul pegou nestes charcos de sossego e fez deles fotografias que respiram mistério e uma enorme beleza. À sua indiscutível mestria na manipulação da luz e da sombra alia uma singular percepção das formas e redes geométricas. Uma percepção comum aos fotógrafos do início do século XX mas a que Paul Kohl conseguiu dar nova vida com as suas harmoniosas composições.

Paul Kohl completou a Lincenciatura em Belas-Artes no San Francisco Institute in Photography e o mestrado na Purdue University, Lafayette, Indiana. Actualmente, é professor convidado de Fotografia na Nanyang Technological University, em Singapura.

Os seus trabalhos têm sido apresentados em vários países do mundo, com mostras recentes no Japão, Canadá, Estados Unidos, Malásia, Portugal e Singapura. As suas obras estão incluídas nas colecções permanentes de vários museus, como o Museu Joaquim Vermelho, de Estremoz, Portugal, que adquiriu o portfolio completo da série Now and Then: Images from Portugal, o San Francisco Museum of Art e o Fogg Museum. O seu livro sobre paisagem indiana contemporânea, Wandering in Fertile Fields, e o seu trabalho realizado no Japão, Two Fish, Out of Water, foram publicados pela Datz Press e estão disponíveis na Amazon. 



Local:
Museu do Oriente - Avenida de Brasília - Doca de Alcântara (Norte) - Lisboa
Tl. 21 358 52 00

17 Julho a 14 Setembro
Entrada livre

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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Três filmes de YASUJIRO OZU - Espaço Nimas (Lisboa)


Há um ano, “Viagem a Tóquio” e “O Gosto do Saké” tiveram a sua estreia comercial em Portugal, mais de cinquenta anos depois de Yasujiro Ozu os ter filmado, em versões digitais e restauradas. Foram milhares os espectadores que puderam rever ou ver pela primeira vez na sala escura duas obra-primas de um dos maiores cineastas da História do Cinema.

Este ano, a partir de 24 de Julho, Ozu está de regresso aos cinemas portugueses e o Espaço Nimas vai exibir, novamente em versões digitais e restauradas (num processo coordenado pelo estúdio japonês Sochiku) mais três obras fundamentais do realizador.
Regressaremos assim ao universo ora terno ora pungente de Yasujiro Ozu, onde as crispações de uma sociedade japonesa em mutação se confundem com os conflitos entre duas gerações.
Desde a insatisfação contra os seus casamentos combinados pelos pais (em “A Flor do Equinócio” e “O Fim do Outono”) até a uma mais prosaica greve de silêncio iniciada por dois irmãos quando os pais não lhes compram uma televisão (como em “Bom Dia”).
Podem separar-nos décadas e até a transição para um novo século, mas a humanidade do cinema de Ozu continua tão actual quanto na época em que foi filmado.



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